Na terceira e última mesa promovida pelos Programas Públicos da exposição Memórias inapagáveis – um olhar histórico no Acervo Videobrasil, o tema discutido e problematizado é da ordem do dia e expõe aspectos ampliados pela produção contemporânea em arte. Portanto, “As Histórias Renegadas: Memórias Indígenas e Africanas”, além de encerrar o debate público da exposição, trouxe à luz do contemporâneo uma revisão crítica da história social do Brasil por intermédio da arte como linguagem política capaz de rever a construção de uma memória coletiva, ressituando personagens, protagonistas, oprimidos e opressores. O curador da mostra, Agustín Pérez Rubio inicia o encontro realizando uma análise sucinta e retroativa da relevância de uma exposição que coloca em primeiro plano o viés eminentemente político da arte, orientando o debate para o tema da mesa, que completa o ciclo iniciado pelo primeiro encontro no qual a pergunta principal seria: como combater a amnésia histórica a partir da arte? Dessa questão extrai-se o enredo construído pelas demais falas. Em função da ausência presencial do artista e realizador Vincent Carelli, Solange Farkas – diretora da Associação Cultural Videobrasil –, fez a leitura de uma carta enviada pelo artista em que enfatizava a importância de se dar voz àquele que se situa à margem, no caso, as comunidades indígenas por ele investigadas em parceria com a antropóloga Dominique Gallois. Em seguida, Rosângela Rennó amplia a leitura de sua primeira obra videoinstalada na qual recupera, por meio da linguagem visual, o primeiro documento de registro textual após a chegada dos portugueses. Por fim, Ayrson Heráclito, artista também participante da exposição traz à tona a maneira opressora com que o negro foi tratado desde a escravidão. Seu relato mantem expresso o enredo que se abre com a narrativa traduzida pela exposição Memórias inapagáveis – um olhar histórico no Acervo Videobrasil.
Agustín Pérez Rubio (1972, Valência, Espanha) é historiador, crítico de arte e curador. É diretor artístico do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba). Também foi diretor do Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (MUSAC), na Espanha.
Vincent Carelli (1953, Paris, Ile de France, França) é indigenista e cineasta. Criou, em 1986, a ONG Vídeo nas Aldeias, que forma cineastas indígenas. Participa da exposição Memórias inapagáveis com a obra A Arca dos Zo’e (1993).
Rosângela Rennó (1962, Belo Horizonte, MG, Brasil) é artista visual com ampla atuação no universo da fotografia. Participa da exposição Memórias inapagáveis com a obra Vera Cruz (2000).
Ayrson Heráclito (1968, Macaúbas, BA, Brasil) é artista visual, curador e professor com interesse na cultura afro-brasileira. Participa da exposição Memórias inapagáveis com a obra Barrueco (2004).
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