Em sua décima terceira edição, o Videobrasil celebra o lançamento de um projeto que reforça sua preocupação em investir e promover pesquisas sobre a arte eletrônica. Nessa nova iniciativa, o Festival, que sempre incentivou investigações e experimentações, abre espaço para a estréia de obras e a exposição de projetos que serão executados futuramente. Os autores apresentarão as principais idéias envolvidas em cada trabalho, discutindo-as e levantando questões essenciais para o diálogo e o avanço de meios e suportes.
German Bobe faz a estréia mundial de sua obra Lovemoderne, primeiro filme feito pelo "enfant terrible" chileno para a internet. Humor e ironia se mesclam nas imagens do artista iconoclasta. Com a estréia e os encontros, o Videobrasil estende seu papel de não apenas exibir, mas também de estimular pesquisas que resultarão em novos desafios de forma e linguagem. A partir de agora, os encontros com autores que estão questionando conceitos tradicionais se tornarão parte integrante do Festival.
Artistas
Obras
Texto crítico 2001
Lovemoderne
German Bobe já foi descrito como o "enfant terrible" do vídeo chileno. Uma forma de se referir
a um criador que transita sem restrições por museus, galerias de arte, o mundo dos videoclipes
e a experimentação. Em seus trabalhos, o chileno Bobe costuma misturar meios como vídeo, fotografia e pintura. Além disso, vasculha também elementos religiosos, de tradições populares, brinca com o excesso barroco e o kitsch. Bobe, que mais recentemente vem criando obras ligadas à internet e ao mundo virtual, estréia no Videobrasil o inédito trabalho "Lovemoderne", em coerência com seu caráter irreverente e iconoclasta. Em uma exposição na capital chilena, por exemplo, produziu uma espécie de "pintura digital em movimento", usando imagens de celebridades no país.
Lovemoderne (www.lovemoderne.cl) é um trabalho em que os participantes interagem com uma obra virtual, concebida especialmente para a internet. A idéia é confrontar as pessoas com um filme, e não com um performer. Aliás, o primeiro filme para a rede feito por Bobe. Lúdica, "Lovemoderne" foi basicamente inspirada em sonhos do autor. Uma coletânea de memórias transformadas num filme que dispensa suportes tradicionais. E, como em suas obras anteriores, já vistas na América Latina, nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, as imagens e os sons desencadeiam sensações nos visitantes, provocando-os a interpretar livremente os estímulos. As associações, diz Bobe, são livres.
Em Lovemoderne, a interação acontece a partir da tela, tendo o mouse como instrumento de comunicação. O artista, presente, apenas observa as reações e as escolhas das pessoas. Cada um poderá transformar e manipular o filme, sem seguir o que seria um roteiro ortodoxo. Começo, clímax, fim, tudo é intercambiável, e nenhum caminho ganha o peso da palavra "definitivo". O tempo e a narrativa lineares, portanto, estão ausentes nesse trabalho de caráter onírico, povoado de seres com formas humanas manipulados em computador.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "13º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil": de 19 de setembro de 2001 a 23 de setembro de 2001, p. 214, São Paulo, SP, 2001.