A videoinstalação Adote um Satélite, de Marcelo Masagão, é uma homenagem e, ao mesmo tempo, uma sátira à televisão; um misto de instalação, happening e exposição de esculturas, que colocava o visitante diante de mais de uma dezena de pseudotelevisores "sintonizados" em diferentes “pseudocanais”.

Artistas

Obras

Ensaio Arlindo Machado, 1989

ADOTE UM SATÉLITE

O televisor doméstico é verdadeiramente o totem de nosso tempo, em torno do qual se reúnem diariamente todas as tribos do planeta para celebrar o ritual do consumo e da vida imaginária. Se, algum dia, alguém se propor elaborar uma antropologia do homem deste século, certamente colocará num lugar privilegiado da aldeia global essa caixa plástica cuja face frontal abre-se, como um buraco negro, para todas as mitologias do mundo contemporâneo. Esse objeto prototípico da (pós) modernidade bem que merecia uma caricatura à altura de sua hegemonia. É o que realiza agora Marcelo Mazagão,com um senso de humor raro em nossas artes plásticas. Seus simulacros de esculturas, construídos, na maioria das vezes, em carcaças de televisores, ironizam temas, situações e programas de maior evidência da televisão tupiniquim, através de uma ‘mise en scène’ paródica, em geral forjada com objetos de consumo impostos pela própria mídia eletrônica, tais como brinquedos e mercadorias de massa. “Adote um satélite”, ao mesmo tempo homenagem e sátira à televisão, misto de instalação, ‘heppening’ e exposição de esculturas, coloca o visitante diante de mais de uma dezena de pseudo-televisores ‘sintonizados’ em diferentes pseudo-canais, de modo a permití-lo “zarpar” por todo o bestiário da mídia eletrônica. Não se trata, entretanto de um evento “crítico”, no sentido pedante do termo. Antes, é um exercício de humor, daquele humor carnavalesco, repleto de auto-deboche, que aprendemos com a própria TV. Vide a lição do mestre Abelardo “Chacrinha“ Barbosa.