Na obra do premiado cineasta Kutlug Ataman, o relato surpreendente de uma cantora de ópera da Turquia

O documentário Kutlug Ataman’s Semiha B. Unplugged tem provocado manifestações de surpresa e de encantamento. Trata-se de uma produção de quase oito horas, executada com a câmara na mão, focalizando um depoimento autobiográfico de Semiha Berskoy, cantora de ópera da Turquia. Personalidade famosa em seu país, Semiha é também conhecida como escritora e pintora, além de ter seu nome ligado a situações polêmicas — especificamente, casos amorosos com personalidades do universo artístico da Turquia. Aos 84 anos, Semiha desenvolve, para o atento olhar da câmara, um monólogo intenso através do qual relata sua vida atribulada e fascinante numa verdadeira performance autobiográfica. No pano de fundo deste emocionante relato, sobrevem a própria história da arte e da política turca num tom épico e imaginário que, muitas vezes, parece transbordar para além dos limites da realidade. A apresentação da obra é feita em nove episódios distintos, que podem ser assistidos isoladamente. O documentário, executado em 1997, foi apresentado pela primeira vez na Bienal Internacional de Istambul e já faz parte da programação de eventos internacionais dos próximos dois anos — como a Manifesta 2, de Luxemburgo, e a Bienal de Montreal.

Kutlug Ataman nasceu em Istambul, em 1961. Aos 18 anos transferiu-se para os Estados Unidos onde formou-se em cinema pela UCLA em 1988. Nos últimos dez anos tem trabalhado para a indústria cinematográfica produzindo tanto peças publicitárias como obras de ficção. Sua estréia no cinema deu-se com o filme The Serpent’s Tale, roteirizado por ele mesmo, que foi apresentado em 33 festivais ao redor do mundo e premiado em diversas categorias — inclusive, melhor diretor e melhor roteiro. Também é de sua autoria uma longa relação de produções em filme e vídeo, igualmente aclamadas e reverenciadas pela crítica e por personalidades da cultura internacional.

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