Artistas
Obras
Texto de curadoria 1998
Uma nova experiência sensorial na performance de Gisela Domschke e Fabio Itapura
Imagens de vídeo projetadas sobre telas, elementos cenográficos, música e efeitos sonoros em alta potência — essa é a matéria-prima que compõe o trabalho apresentado por Gisela Domschke e Fabio Itapura. Trata-se de uma performance que se desenrola pelo ambiente como uma festa, “uma transgressão daquilo que é estabelecido”. Nesse ambiente, fragmentos de programas de televisão, como novelas e noticiários, povoam o cenário trazendo consigo “significados e referências do nosso universo”. Segundos os autores, “este happening recompõe a dinâmica da repetição de códigos presente nesse estágio tecnológico da comunicação. Uma abstração visual e sonora da linguagem que determina o que pensar, sentir e agir”.
Gisela Domschke e Fabio Itapura unem, em parceria, os ingredientes essenciais que constituem os artistas da multimídia. Linguagem universal, códigos e conceitos, tecnologia atualizada, interdisciplinaridade. Gisela, nascida em São Paulo em 1965, estudou Filosofia na Universidade de São Paulo e depois na Université de la Sorbonne e no Collège Internationale de Philosophie, em Paris. Atualmente, vive e trabalha em Londres, onde cursa o PgD/MA Multimedia Communication Design no Central Saint Martins College, e se dedica a trabalhos digitais interativos e a produções em vídeo. Desde 1992 coleciona uma série de exposições e participações em eventos de importantes centros artísticos da Europa, como Londres, Amsterdã, Bonn e Paris.
Por sua vez, Fabio Itapura, também nascido em São Paulo, em 1963, estudou Arquitetura na Universidade de São Paulo e, desde 1984, se dedicou a trabalhos com escultura e cenografia. A partir de 1994, passou a trabalhar na realização de CD-ROMs, Web-pages e instalações multimídia. Atualmente também vive e trabalha em Londres, tendo participado de exposições e eventos em toda a Europa, geralmente em parceria com Gisela Domschke.
A performance que eles apresentam no Videobrasil, produzida especialmente para o evento, é continuidade de um trabalho que realizam já há alguns anos na Europa. Nela, utilizam elementos alusivos à cultura popular, como uma fonte de aguardente, combinados com outros, pertencentes ao universo eletrônico dos programas de televisão brasileiros. O resultado disso tudo produz no público uma nova experiência sensorial ou, como definem os autores, “estar dentro da música, descontrair-se e permitir um pouco de caos ‘autorizado’ no seu cotidiano. O álcool e a orgia. A abertura à experiência”.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "12º Videobrasil": de 22 de setembro de 1998 a 11 de outubro de 1998, p. 88, São Paulo, SP, 1998.