Curadoria convidada |

Os curadores da Mostra Inglesa fizeram uma seleção da produção da videoarte britânica da segunda metade dos anos 1980. A Mostra foi dividida em cinco programas, compilada e distribuída pela Film&VideoUmbrella, de Londres.

Artistas

Obras

Texto de curadoria Paula Dip, 1989

Mostra de Videoarte Inglesa

O mundo das ideias e imagens transmitidas pela televisão deve ser democrático, aberto a todos. A concessão de canais de TV, sejam VHF, UHF, a cabo ou via satélite, é um ato político que envolve responsabilidades sociais e ideológicas ainda não assumidas pelos "todo-poderosos" da TV brasileira. 

A reprodução de imagens via televisão foi sem dúvida a maior revolução do nosso século na área de comunicação. Enquanto esse milagre estava nas mãos dos grandes empresários e donos das redes de televisão, o alcance da linguagem mais popular de que já se teve notícia, era limitado. Hoje, com a produção em massa de vídeos caseiros e equipamento acessível para a criação e produção de imagens, uma nova revolução acontece nos meios de comunicação. O cidadão comum pode registrar o furo jornalístico com sua câmera portátil. O jovem artista usa uma câmera e uma ilha de edição como tela, tinta e pincel. O filósofo, através das imagens, dea vida às suas ideias revolucionárias. 

É na televisão, na programação diária de grandes e pequenas redes de comunicação que tais atos criativos ganham vida. 

Esse espaço é vital. Durante os três anos que vivi em Londres descobri que a televisão não precisa ser necessariamente burra, monopolista e comercial. Existem na Grã-Bretanha, cerca de 400 produtoras independentes de vídeo criando em maior ou menor escala programas para a televisão. A partir de um movimento liderado pelos próprios video-makers ingleses, hoje, 25% da programação das televisões britânicas são produzidos de forma independente. E viva a diferença! A televisão britânica respira. Pensa. É um espaço aberto. Foi pensando em provar aos nossos vídeos criadores que a TV e o vídeo podem se casar - e ser felizes - que decidi junto com Solange Oliveira e Martin Fryer, do British Council, apostar numa mostra de vídeos britânicos neste VII Festival Fotoptca Videobrasil. 

Catálogo 7º Videobrasil. São Paulo, 1989.

Texto de curadoria Gill Henderson, 1989

Mostra de Videoarte Inglesa

A grande força da videoarte britânica nos anos 80 foi, comprovadamente, a surpreendente diversidade. A seleção de vídeos ilustrou de alguma forma a variedade e profundidade dos trabalhos realizados na segunda metade dos anos de 1980.

Electric Eyes é uma compilação composta por quatro programas de trabalhos realizados em vídeo ou utilizando-se de técnicas de vídeo. Foi compilada e distribuída pela Film & Video Umbrella, uma organização sediada em Londres que promove e comercializa filmes experimentais. Made in Scotland II combina o trabalho de estudantes supervisores e palestristas do Duncan of Jordanstone College of Art Dundee, na Escócia. A surpreendente variedade de trabalhos que saíram desta escola nos últimos anos, ajudou a desfazer o mito de que toda a produção de videoarte britânica encontrava-se centralizada em Londres. Ela também ofereceu ao espectador a chance de ver o trabalho daqueles artistas que poderiam ser as estrelas do vídeo nos anos 90.

Barber, Snow, Flaxton mostrou novos vídeos de George Barber e George Snow, ambos artistas de renome da era do “scratch video”, produzindo trabalhos que usavam técnicas e efeitos de vídeo de uma forma totalmente individual. The Man in the Crowd e The Assignation tomam os contos de Edgar Allan Poe e transformam melodramas góticos com o auxílio de gráficos de computador e efeitos de videogame. The Venetian Ghost transporta um Doge veneziano para Venice Beach, na Califórnia, para explorar o toque de culturas de uma forma espirituosa e perspicaz.

O diretor/escritor Terry Flaxton realizou uma série de trabalhos, apresentados ou não na TV, incluindo videoarte e documentários mais convencionais no setor independente da Grã-Bretanha. Com a companhia de produção Triplevideo, dirigiu uma série de programas sobre videoarte para o Channel Four e também o The Cold War Games - The Soviet Union (1988) e a série em duas partes The National Health (1988). Em 1987, ele foi o Lighting Cameraman no primeiro vídeo longa-metragem britânico Out of Order.

Catálogo 7º Videobrasil. São Paulo, 1989.