Texto de apresentação Thomaz Farkas, 1987
Limites Longínquos
Chegamos à quinta versão do Festival Fotoptica Videobrasil, encontrando um sucesso crescente de público e de realizadores. Neste ano, particularmente, temos razões para nos alegrar com dois fatos que irão certamente pontilhar o Festival: a indescritível profissionalização dos vídeos independentes e o sensível progresso tecnológico que atinge a área de equipamentos de vídeo.
Há 5 anos, o Festival era uma corajosa e visionária aventura que mostrou a um público ainda incrédulo o trabalho iniciante de jovens talentosos lutando com dificuldades técnicas e de equipamentos para impor uma atividade que, na época, simplesmente inexistia. Hoje esses jovens videomakers já estão mergulhados em sua profissão, já conquistaram um mercado de trabalho dentro e fora das emissoras, já tem o prestígio garantido pelo sucesso de público e de crítica. O trabalho desses jovens está hoje caminhando para um rico amadurecimento e os limites estão a perder-se de vista.
Por outro lado os progressos tecnológicos, rápidos e insinuantes, facilitam e enriquecem a atividade videográfica. O videodisco, o vídeo de alta definição e os novos caminhos abertos pelos sistemas digitais prenunciam uma nova exploração de tecnologias, cujos benefícios serão cada vez mais acessíveis ao consumidor, ao produtor e enfim ao videomaker.
Cinco anos atrás semeamos uma atividade nascente, de destino incerto. Hoje estamos colhendo esses frutos, com a certeza de que o vídeo, e todas as suas ramificações eletrônicas irão ocupar um espaço crescente em nossas vidas.
Catálogo do 5º Festival Videobrasil, 1987.
Texto institucional Bete Mendes, 1987
Uma Política para o Vídeo
Consolida-se, a cada dia, em nosso País, a utilização do vídeo como instrumento da Educação, da Ciência, da Pesquisa, do Marketing e, evidentemente, da Cultura. Multiplicam-se os eventos, os cursos, os encontros, onde o vídeo é o tema central. A sociedade incorporou a nova tecnologia, acompanha sua evolução e discute sua linguagem. E nas coisas da Cultura, nada mais importante do que a participação da sociedade, a presença ativa de produtores e agentes culturais.
A Secretaria de Estado da Cultura não poderia estar alheia a esse acontecimento. Como representante do Estado, cabe a ela o papel de administradora, criando as oportunidades e gerando o espaço para a manifestação cultural da sociedade. Sua presença na organização do V Festival Fotoptica Videobrasil é resultado de seu compromisso, contribuindo para que a produção seja estimulada, incentivada, premiada.
Outras linhas de ação existem e merecem destaque. O II Prêmio Estímulo para vídeo já está sendo programado para este ano. As Oficinas Culturais Três Rios trabalham para a formação de recursos humanos para a Cultura na área de vídeo e vêm mantendo ampla programação de eventos e ciclos especiais. O Museu da Imagem e do Som, que sedia este V Festival Fotoptica Videobrasil, revê sua ação, debate com produtores e profissionais da área, reorganiza e amplia sua videoteca, forma um banco de dados e implementa nova estrutura técnica adequada a seu acervo. Paralelamente, mantém ampla organização de eventos e exibições.
Por fim, a Secretaria da Cultura vem desenvolvendo estudos e propostas de linhas de trabalho, para reorganização de sua Comissão de Rádio, Televisão e Vídeo, transformando-a numa instância que contribuirá para a elaboração de uma efetiva Política Cultural.
Por essas ações, a Secretaria da Cultura expõe suas diretrizes, empenhando-se para uma prática dotada do dinamismo e da vanguarda que o setor merece.
Catálogo 5º Festival Videobrasil, 1987.
Texto institucional Guilherme Lisboa, 1987
Vídeo Permanente
Um museu deve ser um lugar em que a informação, preservada, possa interagir com a criação, a difusão e o livre debate. Consolidar a atividade e o registro permanente da cultura sonora e visual constitui, assim, uma meta básica da atual fase do Museu da Imagem e do Som de São Paulo.
O Festival Fotoptica Videobrasil, já em sua quinta edição, é hoje um evento definitivamente inserido na programação cultural paulista; ele abriu caminhos, gerou ideias, aglutinou pessoas.
Agora, nossa preocupação é a de organizar uma linha de atividades permanentes do Setor de Vídeo do MIS, para que o Festival Fotoptica Videobrasil não seja aqui um evento isolado. Para que possamos levar ao público uma programação constante, assim como organizar e difundir a nossa videoteca enquanto um centro de informação, de documentação, e de discussão das questões relativas ao vídeo.
Esperamos, portanto, que o pessoal que se encontra aqui uma vez por ano possa, logo mais, estar conosco durante o ano inteiro.
Texto institucional Roberto Muylaert, 1987
A TV Pública
A importância da quinta edição do Festival Fotoptica Videobrasil será retratada com ampla cobertura na TV Cultura. Além de matérias diárias no Panorama, haverá também um programa especial, o 5º Videobrasil, dedicado exclusivamente à mostra.
Com essa iniciativa a TV Cultura está abrindo um espaço de apoio para a produção independente no Brasil, uma forma concreta de reconhecer a alta qualidade do trabalho desenvolvido nessa área.
A procura de novas linguagens televisivas, uma das qualidades da produção independente de vídeo, está dentro da linha de programação adotada atualmente pela Cultura, o que justifica plenamente sua exibição.
Na verdade a Cultura é a produtora independente mais nova (e talvez a mais importante) do Brasil, por algumas características de sua presença no cenário televisivo brasileiro: equipamento em quantidade muito inferior ao volume de trabalho realizado, falta de recursos, excesso de vontade, coragem para experimentar e sucesso crescente em sua audiência e principalmente no cumprimento de um sério dever, o de bem servir à sua comunidade (por comunidade da TV Cultura leia-se hoje, além do estado de São Paulo, mais dez estados do Brasil que recebem a sua imagem).
Estamos na realidade iniciando a aplicação no Brasil do conceito de TV Pública, de tamanho sucesso nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa.
A TV Pública continua dando ênfase à sua missão cultural e educativa, porém num contexto mais amplo de democratização de oportunidades, dentro de um nível de interesse para o espectador, que as TVs comerciais por definição não podem dar.
Essa proposta, como não poderia deixar de ser, abrange, com muito orgulho para nós, os colegas produtores independentes.