Texto de curadoria geral Solange Farkas, 1998
O Videobrasil entra em nova fase com a 12ª edição. O fortalecimento da parceria com o Sesc São Paulo e a colaboração do Canal 21 juntos possibilitam não somente a expansão do festival para um número infinitamente maior de pessoas como a realização de projetos há longo tempo desejados.
A programação deste Videobrasil é o resultado de uma extensiva e cuidadosa pesquisa realizada ao longo destes dois últimos anos onde foi possível acompanhar a trajetória de vários artistas, observar e muitas vezes colaborar com o trabalho de outros curadores, participando de festivais e mostras de media art ao redor do mundo.
A Mostra Competitiva talvez seja o resultado mais fascinante desta pesquisa, fruto de uma extensiva, cuidadosa e difícil escolha sobre centenas de obras enviadas por jovens e consagrados artistas do Brasil e de diversos países, alguns tão distantes das referências do circuito estabelecido da videoarte e mesmo asssim, nos revelando gratas surpresas onde o virtuosismo iconográfico cede lugar à singularidade e autenticidade das narrativas de fôro intimo, propiciando ao festival uma mostra vibrante e de alta qualidade.
Desenvolver um projeto da magnitude de Deposito dell’Arte de Fabrizio Plessi (sem falar da forma harmoniosa de trabalho desenvolvido por quase um ano ao lado deste grande artista) me faz acreditar no enorme potencial para a arte eletrônica a ser desenvolvido no Brasil, indicando o caminho futuro do Festival, pautado pela troca, revelação e desenvolvimento da nossa própria linguagem artística.
A realização e produção de performances multimídias são em parte também, os responsáveis pela nova fase do Videobrasil. Artistas como Eder Santos, Jerôme Lefdup, Carlos Nader, Fabio Itapura e Gisela Domschke, vem expressando ao longo dos anos, seus trabalhos em diferentes plataformas . Em parte, reconhecidos por suas obras em videoteipes e instalações estão agora aceitando o desafio proposto pelo festival, de desenvolver espetáculos híbridos em parceria com artistas de várias áreas como música, pintura e poesia. Grupos como Antirom, Chelpa Ferro e Tetine vem reforçar também esta tendência e vocação do festival.
O Videobrasil continua fiel à sua proposta de criar o diálogo entre "sul e norte", exibindo sistematicamente trabalhos de artistas e curadores europeus e americanos, trazendo-os para fazer apresentações das suas obras, possibilitando o intercâmbio de idéias e experiências em torno da produção de videoarte.
As Mostra Informativas nos têm revelado o imaginário plástico e poético de consagrados artistas como David Larcher, um dos magos da tecnologia, campeão em transformar efeitos digitais em efetivos veículos de símbolos e idéias, e Hrvoje Horvatic e Breda Beban, cuja densidade e sofisticação das imagens serão apreciadas nesta retrospectiva que é também uma pequena homenagem ao grande artista e amigo Hrvoje.A apresentação do filme experimental Kutlug Ataman’s Semiha B. Unplugged pelo artista turco vem confirmar também a vocação do Videobrasil em comungar linguagens e formatos. Curadores como Michael Mazière e Steve Seid aceitaram generosamente e realizaram com maestria, propostas para montar programas com artistas britânicos e americanos privilegiando temas como deslocamentos poéticos/geográficos, revisitações estéticas e identidade étnica. Nils Höller nos traz uma amostragem de trabalhos recentes produzidos por jovens artistas da Academia de Artes de Colonia na Alemanha.
O fluxo de informações dentro do ambiente do festival tem sua materialização na realização do já tradicional Videojornal, que este ano será amplificado para toda a cidade de São Paulo. Boletins informativos, entrevistas com artistas, depoimentos, intervenções do público presente através de cabines especiais (Box 21), vinhetas, transmissão do encerramento, farão parte da cobertura do Canal 21 na sua proposta inédita de ser o canal aberto para a expressão plástica do vídeo na TV.
O Videobrasil pôde ser realizado graças ao empenho e visão de várias pessoas e entidades. Mas eu gostaria de mencionar algumas pessoas especialmente: Danilo Santos de Miranda e Pedro Farkas por acreditar e apostar sempre, Rosely Nakagawa pela competência e serenidade, a equipe do Sesc Pompéia, Ipiranga e Vila Mariana pela colaboração e sobretudo à minha equipe de produtores e colaboradores pela incansável e inestimável ajuda.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "12º Videobrasil": de 22 de setembro de 1998 a 11 de outubro de 1998, p. 14 , São Paulo, SP, 1998.
Texto de apresentação 1998
12º Videobrasil - Festival Internacioal de Arte Eletrônica
O 12º Festival Internacional Videobrasil, realizado de 22 de setembro a 25 de outubro de 1998, vem este ano mais uma vez reforçar a vocação pioneira com a qual foi criado e consagrado ao longo dos anos.
Sustentando o objetivo de oferecer espaço e projeção internacional a todos os tipos de produção feita em suporte eletrônico, o Videobrasil deste ano está abrindo passagem definitiva a obras executadas dentro do espectro de mídias que admitem e desenvolvem uma linguagem própria, buscando sempre a forma artística e informativa como expressão particular. Além disso, o Videobrasil avança na sua intenção de trazer ao público brasileiro a oportunidade única de constatar e vivenciar o trabalho de artistas consagrados internacionalmente pela pesquisa de novas linguagens ou pela expressão artística, trazendo para seu ambiente obras de autores renomados e, muitas vezes, inéditos em nosso cenário. E, para coroar um processo de desenvolvimento e engrandecimento, ratificado pelos anos de existência e pela aclamação do público e dos formadores de opinião do circuito da arte eletrônica, o Videobrasil estende sua presença geográfica e amplia sua programação, apresentando-se nas três sedes do SESC de São Paulo, abrindo seu leque de atuação e oferecendo seus benefícios culturais a um público numericamente maior e mais diversificado.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "12º Videobrasil": de 22 de setembro de 1998 a 11 de outubro de 1998, p. 8, São Paulo, SP, 1998.
Texto institucional Danilo Santos de Miranda, 1998
Inventividade e Inovação
Realização do SESC e da Associação Cultural Videobrasil, o Festival Internacional de Arte Eletrônica, agora em sua 12ª edição, representa o maior acontecimento da América Latina voltado à difusão e análise da produção experimental em vídeo. Em âmbito mundial, figura entre os três mais importantes eventos do gênero. Ritmado por compasso bienal, vem ocorrendo, desde sua 9ª versão, no SESC Pompéia. Prestígio, êxito e reconhecimento não vieram pelo caminho imponderável do acaso. A origem dos mesmos será identificada com mais propriedade, a exemplo do que se passa com tudo o que o SESC realiza, num trabalho intenso e meticuloso de concepção, reelaboração e ampliação progressiva, permanentemente respaldado pela pesquisa e detecção daquilo de mais expressivo que artistas e criadores vão destilando.
O 12º Videobrasil marca um momento de expansão do projeto, que pela primeira vez é realizado em locais distintos: SESC Pompéia, SESC Ipiranga e SESC Vila Mariana. Esse crescimento corresponde à intenção do SESC de conquistar novos públicos para uma arte tão vigorosamente marcada pela inventividade, pela criatividade, pela ousadia. Em seu conjunto, o Videobrasil proporciona, em escala mundial, um extenso panorama da arte eletrônica contemporânea. Ao lado da mostra competitiva, alinha uma profusa exibição de videoinstalações, trabalhos em CD-ROM e estréias internacionais, além de outras atividades. Performances multimídia de artistas e grupos nacionais e internacionais respondem pelo dinamismo das instalações.
Incorporando os recursos da Internet, graças a ela o Festival pode ser acompanhado através da exposição de trechos dos trabalhos, entrevistas com criadores e links ao vivo. Imbuído de senso de prodigalidade em matéria de destaques, engloba trabalhos de personalidades como Fabrizio Plessi e David Larcher.
O SESC, compromissado com a inovação, descortina na arte em suporte eletrônico a propriedade de enfatizar o novo dentro do novo; de privilegiar os desenvolvimentos mais criativos no quadro de uma linguagem por si só recente e inovadora. Decorrem daí a moldura e mecanismo interno do Festival, capaz de integrar, num corpo coerente, expressões as mais diversas, cujo impacto repercute via debates, discussões e intercâmbio. Exemplo típico de sintonia com a contemporaneidade, característica de nossa instituição, o Videobrasil congrega traços positivos de agilidade, pluralidade, ruptura, pesquisa, experimentação e tudo o mais que caracteriza o fato cultural vivo, liberado de réplicas, reiterações e gestos cristalizados. Para o SESC de São Paulo, uma iniciativa de semelhante alcance é sempre motivo de satisfação. Até porque, entre outros méritos, ela contribui para enriquecer substancialmente a já respeitável agenda cultural da capital paulista.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "12º Videobrasil": de 22 de setembro de 1998 a 11 de outubro de 1998, p. 10 , São Paulo, SP, 1998.
Texto institucional Denise Gomes, 1998
É com orgulho que o Canal 21 participa de mais um evento de grande relevância para os paulistanos: o 12o Videobrasil. Aliás, sempre que surge uma iniciativa ousada e criativa na cidade, o 21 já está presente. Há dois anos no ar, o Canal 21 já conquistou liderança de audiência entre os canais UHF.
Seguindo a vocação de ser um canal da cidade, iniciamos uma parceria com a City TV de Toronto, no Canadá, uma das mais avançadas e criativas emissoras de TV do mundo. Sua ousadia e seu jeito revolucionário de fazer televisão foi o que nos aproximou.
Pensando global e atuando local, nos identificamos com o Videobrasil, um festival que tem dado espaço e incentivado novas maneiras de utilizar o vídeo e promovido intercâmbio entre produtores brasileiros e estrangeiros.Vamos cada vez mais quebrar tabus e velhas convenções para construir uma televisão verdadeiramente atual, interativa, comunitária, local.
Um pouco disso você vai ver aqui no 12o Videobrasil, onde vamos mostrar pela primeira vez no Brasil o Speaker`s Corner da City TV do Canadá, uma cabine de gravação automática que permite ao público deixar sua opinião, participando da programação do canal. É o espaço livre e garantido do telespectador na TV. Com o material gravado na cabine, durante o Videobrasil, vamos editar um programa que fará parte da mostra.
Além disso, vamos premiar o melhor vídeo produzido em São Paulo, já que somos o mais paulistano de todos os canais.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "12º Videobrasil": de 22 de setembro de 1998 a 11 de outubro de 1998, p. 12 , São Paulo, SP, 1998.